Nome: Dedê Ranieri
Lugar: São Bernardo, São Paulo, Brazil

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  • quinta-feira, maio 31, 2007


    posted by Dedê Ranieri @ 7:36 PM |


    terça-feira, maio 22, 2007

    Dreams (Cranberries)

    posted by Dedê Ranieri @ 2:00 AM |


    quarta-feira, maio 16, 2007

    A menina andava desconfiava que tinha entendido aquela tal teoria da relatividade, mas nunca -nunquinha- atreveu-se a levantar a mão para responder à professora. Deus me livre saber uma resposta que ninguém sabe. De que adianta ganhar ponto na nota e perder a consideração dos amigos. Nunquinha. Mas é simples, muito simples, matutava. A tal relatividade, oras. Às vezes gostava de azul para vestir, mas só quando fazia dia de sol -daí todo mundo dizia como deve ser bom ter olho que combina com a roupa. Às vezes gostava de preto, quando queria parecer mais moça, e como toda moça queria parecer mais magra. Às vezes amarelo, mas só se estivesse queimada de sol, senão ganhava cara de doente. A menina também aplicava seus conceitos à música. Às vezes gostava de samba, quase sempre gostava de samba, mesmo dizendo na escola eu odeio samba. Às vezes gostava de rock, mas nem sempre gostava de rock, mesmo dizendo na escola eu amo muito rock. Acontecia com freqüência de a menina gostar um pouco de tudo, mas esse era um segredo que não registrava nem no Diário. Porque um dia ouviu a professora dizendo ou leu numa revista, que quem gosta de tudo não gosta de nada. Não tem opinião. E ela, apesar de menina, tinha muita opinião, mesmo que não saísse espalhando por aí. Só que era opinião sobre muitas coisas, coisas que às vezes gostava sim, às vezes gostava não. Ela sabia que podia gostar e não gostar da mesma coisa. Só não queria explicar isso aos outros, porque até para ela parecia idéia de gente maluca. Então a menina, sem perceber, ganhou mania de imaginar a tal da relatividade em tudo. Se a conversa na calçada estava boa, a mãe mandava entrar -o tempo passava tão depressa. Se com a boca aberta na cadeira do dentista, o mesmo tempo multiplicava em dez -às vezes cem, se era canal. À medida em que crescia, a menina ia deixando de lado as comparações. Até que chegou na faculdade, já não tinha medo de emitir opinião. Então que a menina descobriu incubada a velha mania, num dia em que participava de calorosa discussão - a classe defendia a aplicação de penalidade máxima para o que parecia prática de um crime com agravante de emboscada. Opinião unânime, sessenta e um do Código Penal na cabeça. Ah, a velha mania. Subiu no púlpito a menina, candidata sem concorrência, à advocacia de defesa, e defendeu em alto som sua solitária opinião. Que nem toda emboscada deveria ser considerada agravante. E nem todo ataque por trás era ato de covardia. E não disse mais nada. Já não era mais menina, por isso nem se importou com a vaia geral. Mas alguém no fundo da sala entendia o referencial para fundamento de tão brilhante defesa. Ele, que rabiscava num bilhete o quanto admirava sua maneira original de mandar recados.

    posted by Dedê Ranieri @ 2:16 PM |


    terça-feira, maio 15, 2007

    Segundos pra começar a responder, quiçá minuto

    Ninguém entendia como ela podia ser feliz daquele jeito. Ninguém entendia como alguém podia ser feliz daquele jeito. Alguns comentavam que era tipo, só podia. Ou aplicação de botox que congelou o riso. Como podia alguém andar exibindo aquele sorriso, e negar na maior cara-dura créditos ao prozac, valium, o que o valha? Chegava a ser falta de respeito. Alguma (má) intenção de ser candidata a cargo eletivo, decretavam. Os mesmos que diziam não votar nela na certa, na hipótese de. E dá pra confiar em alguém que está sempre sorrindo, sabe-se lá sob que efeito, cochichavam entre risinhos de retribuição. Melhor não contrariar -médicos sempre dizem- e sorrir de volta pra ela. Não se deve confiar em quem não revela o uso de botox, prozac, valium, o que o valha. Outro fato que intrigava era quando perguntada sobre como andavam as coisas. Ela demorava muitos segundos pra começar a responder, quiçá minuto. São os remédios, concluíam satisfeitos. Perda de memória recente. Albinismo mental. Meu sobrinho é médico especialista em ... Mas o que ninguém sabia era do truque. Truque. Ritual. Lista. O que o valha. Quando perguntada sobre como andavam as coisas, ela listava mentalmente umas sete ou oito que poderiam ter estragado seu dia: multa de trânsito às sete na esquina de casa, meia-hora pra ser atendida na telefônica, manicure que quase lhe deu uma surra quando recusou a florzinha com glitter nas unhas, não ter lembrado o nome daquele filme que ela amava quando ele disse que amava aquele filme, vendedora garantindo que depois de algumas lavagens a peça de roupa iria lacear, vendedora garantindo que depois de algumas lavagens a peça iria encolher, telefonema do ex-namorado bêbado na madrugada, pernilongo voando perto da orelha na madrugada... Pra depois recomeçar o truque ao contrário, e então desfilar uma lista quase sem fim daquelas coisas que, quase tinha vergonha de contar de simples que eram, davam uma sensação boa de felicidade. Então por trás do riso congelado que ninguém entendia -a espera- ela organizava num método de organização própria, nuns compartimentos secretos da alma, o barulhinho da água escorrendo pelo ralo quando desligava o chuveiro, a notícia dada à queima-roupa de que aquela pessoa que gostava tanto sabia cantar a sua música predileta e tocar no violão e tinha os mesmos vícios, cozinha japonesa-brigadeiro de colher-roer unhas, o pote de sorvete macadâmia dividido na tarde de um domingo chuvoso, o pote de sorvete que devorou sozinha na tarde de um domingo chuvoso, o pedaço mais gostoso de pizza que encontrou no microondas quando chegou de madrugada, a cara que ele fez quando ela disse "entra no carro e não pergunta que é surpresa", da própria cara quando ele disse "entra no carro e não pergunta que é surpresa", o dia em que marcou um cinema e esperou a sessão na platéia do show do Jair Rodrigues, sem saber que ia ter show, o Jair Rodrigues cantando Rosa do Pixinguinha no show, o show que era de graça, o almoço com a amiga querida no jardim da Dona Cleide naquela casa que não tinha placa de restaurante, a limonada que veio na jarra, o caminho que acertou de primeira, o caminho que errou várias vezes e só assim descobriu aquela loja de sapatos e o tiozinho simpático que vendia meias por ótimo preço e sabia o nome de todas as ruas, a cara feliz dos seres amados congelada na fotografia amassada na carteira, porta-luvas do carro, memória ... Quando percebia a lista sem fim, lembrava da espera: tudo maravilha! ... e o sorriso sabe-se há quanto tempo lá estampado, o corpo todo sorrindo. Tudo maravilha ... E dá pra confiar em alguém que está sempre sorrindo, e demora tanto tempo pra responder "tudo maravilha!"? Melhor não contrariar e sorrir de volta pra ela. É o que dizem os especialistas. Não se deve confiar em quem vive sorrindo e tudo maravilha às custas de botox, prozac, valium. O que o valha!

    posted by Dedê Ranieri @ 1:53 AM |


    quarta-feira, maio 02, 2007

    Um gim-tônica, please!

    Não sei em que maldito manual eu tinha lido aquilo, mas apliquei naquela noite. Aquela noite em que ele, mais velho e todo seguro de si, me convenceu a sair pra jantar. Não exatamente um jantar, já que decidi aceitar o convite lá pelas dez e meia de uma quinta-feira. Então ficou acertado que não era jantar. Era balada. Em alguma esquina da Juscelino ou Faria Lima, um lugar chamado Miscelânea ou algo assim, demolido faz uns bons anos. Mas não era uma balada pra dois. Só me contou na hora. Era aniversário de uma amiga dele, com pinta de ex-casinho, ou casinho atual. Acho que casinho atual da época, e ele querendo fazer ciúmes, já que a casinho tinha um marido. Ausente, mas marido e presente na festa. Piloto comercial de avião atarefadíssimo, mas marido. E eu ali toda coadjuvante, acompanhando olhares. Ele, ela, o marido. Eu fingindo distraída, cara de sonsa, deixando ele puxar pela mão e me girar na pista pra parecer mais alegria que ciúmes. You're just too good to be true Can't take my eyes of you. Mas o papo caiu bem, e meu personagem marginal foi ganhando espaço. Sorrisinho pra lá, pra cá. Oi casinho, oi marido, tô nem aí pra vocês, quero mais é dançar na pista, vocês são todos loucos mas a festa tá boa. Quando crescer quero ser igual a vocês. You'd be like a heaven to touch I wanna hold you so much. Legal sua amiga, dizia a casinho, dizia o marido. E ele tentando traçar uma curta biografia da minha pessoa, under trocentos mil decibéis: minha nova estagiária. Mentira. Estagiária do amigo-antigo-sócio, deixa pra lá. At long last love has a right And i think God i'm alive. Então é o seu batismo, cuidado com ele, dizia a casinho, dizia o marido, duelando com a música, caixa de som colada no ouvido. Então um brinde à nova aquisição, nova estagiária, quer dizer ..., sorria a casinho, sorria o marido. Sorríamos todos, voltando pra mesa. Uma bebida, garçon s'il vous plaît. Ele perguntou o que eu queria beber, eu disse coca-cola, que acordava cedo pra aula no outro dia. Mas naquela noite foi instituída uma espécie de lei-seca às avessas, legislação específica pra nossa mesa. Daí foi que eu me vi no meio daquela gente tão adulta. Ele advogado pós-graduando em qualquer coisa desportiva, a casinho arquiteta no Rui Ohtake, o marido piloto de uma empresa aérea hoje falida, e mais uma pequena multidão de gente grande. Festa estranha com gente esquisita, qual seria minha birita? Um gim-tônica, por favor! Gim-tônica?!! Torci pra que não perguntassem porquê. Nunca tinha experimentado, que ao menos fosse docinho. Fiquei sem graça, não era pra causar espanto. Era pra parecer adulto. Afinal, o que adultos malucos como vocês bebem? Uma cerveja, uma vodka, um energético, tudo na mesma comanda, please. Em que maldito manual eu tinha lido que gim-tônica era bebida de adulto? Fiquei pra lá de Bagdá na primeira dose. Sim, porque vieram outras. Quando crescer eu quero ser igual a vocês, ic. Afinal, eu não era a estagiária que amava gim-tônica? Vê mais uma garçon! E tome gim-tônica. E tome festa esquisita e gente estranha. Mais gim que tônica. Mais uma dose é claro que eu tô afim a noite nunca tem fim. Por que eu não bebo cerveja como todo mundo? Porque eu li em algum maldito manual que ... (You're just too good to be true) A RAINHA-MÃE ELISABETH AMA GIM-TÔNICA ELA JÁ TEM QUASE CEM ANOS TAÍ O SEGREDO DA LONGEVIDADE ELA É SUPER POPULAR ENTRE OS BRITÂNICOS ELA É DA NOBREZA MAS QUE BELEZA, PORQUE, PORQUE, PORQUE. Porque é cool, ora bolas! Porque eu leio manuais. Porque eu quero ser que nem vocês, ué! Em qual maldito manual eu tinha lido isso mesmo? Acordei na porta de casa, before sunrise. Ele mexendo no meu cabelo, sussurrando no ouvido: acorda estagiária, bebeu ontem que nem gente grande. Que nem gente grande, eu?! Tinha me esforçado tanto pelo reconhecimento, e de repente era só o começo de uma estranha descoberta: será que gente grande é sempre assim tão idiota?

    posted by Dedê Ranieri @ 12:06 PM |