Nome: Dedê Ranieri
Lugar: São Bernardo, São Paulo, Brazil

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  • sábado, novembro 24, 2007

    (Vai que é sua, Nihon!)


    She hates la belle du jour

    Nihon em companhia da moça. Ela não era exatamente o tipo intelectual que o atraía, mas tinha outros atributos. Isso lá tinha. Pelo menos ela não lê Capricho como aquela outra, pensava resignado ante a idéia de que não dá pra ter tudo ao mesmo tempo. Talvez entre esse pensamento e o de pedir a ela que lhe trouxesse mais uma skol beats, ele tenha ouvido aquela boquinha agridoce disparar um inflamado: odeio essa mulher! Nihon correu acudir. A moça parecia mesmo indignada com uma revista nas mãos. Meu amor, minha flor, minha menina (talvez ele tenha dito), quem você odeia tanto? E ela apontou o dedo de francesinha impecável (ironia do destino) quase trêmulo, para Catherine Deneuve no alto da página. Nihon sentiu o coração quase partir ao meio. O que dizer a ela? Que a bela da tarde era uma das mulheres mais lindas e adoráveis que tivera notícia em toda sua existência? Que cada célula daquele corpo merecia veneração para todo o sempre amém? Não podia tomar partido, trair a sua amada. Nem uma, nem outra. Então desconversou, quis saber a razão de sua garota odiar tanto a musa de Buñuel. Enquanto a moça tomava fôlego, Nihon permaneceu na sua linha de pensamento não-se-pode-ter-tudo-ao-mesmo-tempo-obrigado-Senhor-pelo-que-tenho, e por um breve instante sentiu uma faísca de alegria. E quase como no jogo do contentamento de Pollyana, pensou no lado bom, que ela não era assim tão desprovida de conhecimentos gerais. Afinal, ainda que odiasse, sabia quem era Catherine Deneuve. Mas a alegria durou pouco, interrompida por aquele ódio que não tinha fim. Eu odeio essa mulher, dizia ela com o dedo amassando a foto da eterna belle du jour, essa ... a Rita Cadillac ... (sacrilégio, profanação!). Nihon não se lembra do que veio depois, súbita vertigem. Talvez ele tenha dito A caixa. A caixa toda de skolbeats, fazfavor.



    E por falar em Buñuel

    no segundo ano da faculdade eu conheci o Cadu. Calouro jeitão low profile, que de manhã estudava direito e à tarde história na USP. Os amigos em comum deram um jeito de acelerar a aproximação. Ele era a "minha cara", juravam. E eu pensava que raio de cara eu tinha pra ser a cara de um garoto que adorava rock pesado e usava uma pochete do tipo camuflada* (abafa!). Cheguei a ficar ofendida. Hard rock tudo bem, ainda que fosse de domínio público que eu era uma garota-suuuper-mpb, mas pochete já era demais. Daí me explicaram que não era ofensa, nem piada. Que apesar desses detalhes insólitos e da cabeleira à la Ricardinho Mansur (época em que não era nada cool ostentar uma cabeleira à la Ricardinho Mansur, diga-se), o Cadu era um cara incrível e tal. E AMAVA CINEMA. Esse era o grande ponto em comum. O CINEMA. Sei lá por que cargas me atribuíam um conhecimento da sétima arte que eu não tinha - e continuo não tendo até hoje. Acho que o fato de ir ao cinema toda semana aliado à minha tagarelice crônica deu origem a uma campanha tão enganosa, que a certa altura o Cadu já tinha certeza de que quando o Rubens Ewald Filho passasse dessa para melhor, eu seria a próxima comentarista do Oscar. E eu, ao invés de dizer simplesmente que meus amigos eram uns exagerados, que toda essa lenda surgiu a partir do dia em que fui a única a permanecer acordada até o fim de algum iraniano, não! Preferi manter a pose de sabichona. E a coisa foi ganhando uma proporção tal, que as abordagens do Cadu, invariavelmente, tinham o cinema como tema central. Logo, além das toneladas de códigos, tratados, constituição federal e afins que os professores despejavam semanalmente em nossas cabeças universitárias, passei a ter mais uma tarefa: saber tudo que se passava no mundo do cinema. A próxima estréia, o indicado ao Urso de Ouro, de Prata, de Bronze. E ainda formatar alguma opinião sobre o maldito movimento Dogma 95 que surgiu bem nessa época pra ajudar. Não bastasse a necessidade de atualização diária, me meti a zapear desde o mudo Chaplin até os principais diretores do movimento artístico francês nouvelle vague. Claro que não dava pra parecer entendida sem citar Truffaut Godard e cia (além do que não tem testosterona que resista a um n-o-u-v-e-l-l-e v-a-g-u-e dito assim baixinho, ao pé do ouvido). Eu estava fazendo a lição de casa direitinho, quase esquecendo o grau de superficialidade dos meus conhecimentos (hora em que a carne se trai). Até que um dia fui com o Cadu ao Espaço Unibanco e por lá a farsa teve fim. Na hora de escolher la película, perguntei o que ele achava do filme "Buñuel". Estava lá, escrito em letras garrafais: SESSÃO DAS DEZ: BUÑUEL. Ele me olhou confuso, e explicou que Buñuel não era um filme, mas um dos grandes cineastas espanhóis (como eu não sabia? não tinha visto a bela da tarde? o discreto charme da burguesia?!), que durante toda semana seriam exibidos filmes do Buñuel (daí o cartaz), que a turma da história da USP não perdia uma sessão de Buñuel etc etc. E dizia isso tudo pronunciando Buñuel de um jeito diferente do que eu tinha falado. Ou seja, do jeito certo. Era um momento de sublime desmoralização, daqueles em que você não sabe se pede um café com limão ou assovia New York New York em francês. Mas toda essa encenação não impediu que eu namorasse o Cadu durante os quatro anos de faculdade. Ao contrário. Sempre ríamos muito dessa história, e vez ou outra ele pedia pra relembrar do movimento n-o-u-v-e-l-l-e v-a-g-u-e no pé do ouvido.


    * apenas a título de informação, somente no quinto mês de namoro consegui abolir a pochete do vestuário do rapaz.

    posted by Dedê Ranieri @ 2:03 PM |


    terça-feira, novembro 13, 2007

    eu só quero lembrar de você até perder a memória.
    A. Carolina

    posted by Dedê Ranieri @ 11:59 PM |