Nome: Dedê Ranieri
Lugar: São Bernardo, São Paulo, Brazil

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  • segunda-feira, novembro 30, 2009

    eu já estava deitada quando pedi Maurício me leva pro Recife que quero ser amiga dele e Maurício respondeu você nem conhece ele é só uma entrevista na Globo News e ele vai fazer oitenta e oito anos não vai querer nada com você eu disse Maurício preciso ir urgente pro Recife quero ser amiga dele ele disse que não entende que vai fazer oitenta e oito e que todos os amigos morreram, menos um eu queria muito mesmo que você me levasse agora pro Recife, Maurício só não tenho certeza se ele está no Recife ou em Brasília que ele é professor na universidade Maurício me leva Maurício vou-me embora pra... Maurício responde que isso é sono que isso passa explico que não tive uma infância no Recife e isso me faz um pouco mal nem um avô tive lá nem uma rua que possa ter virado doutor fulano de tal que eu não era a moça nua que Manuel Bandeira viu no banho porque nessa época eu nem era nascida mas que podia ser de tão distraída só que nunca botei o pé no Recife Maurício corrige isso Maurício me explica por que fiquei tão presa nesse Recife da literatura do Bandeira e desse poeta Edson Nery da Fonseca que tá passando a essa hora na Globo News?

    posted by Dedê Ranieri @ 1:50 AM |


    terça-feira, novembro 24, 2009

    por Mauricinho Lodi
    (essa pessoa que assina o textículo abaixo diz que odeia escrever. só que durante o apagão, enquanto eu escrevia à luz de velas na cozinha, ficou narrando isso tudo. ditou o texto inteirinho e ainda disse: bota lá no blog, mas fala que é seu. 11/11/2009)

    São Paulo. Rio. Belo Horizonte. Brasília. Santa Rita do Passa Quatro. Barão de Cotegipe. Quincuncá. Passa e Fica. Paraguai... Tudo escuro! Estações de rádio fora do ar, pane no sistema de telefonia, caos no trânsito, interrupção no abastecimento de água, pânico nas UTIs, resgate no metrô... quem poderá nos salvar desse pandemônio? (A bruxa do 71 acusaria: É você, Satanás!). A previsão para o reestabelecimento da normalidade energética é de alguns dias, quem sabe semanas, segundo jornalistas mais pessimistas da rádio AM. Os economistas já reveem a projeção do PIB de 2010, de 4,5% à estagnação total. Mercados são saqueados. Motim nos presídios. Adolescentes à base de calmantes devido à falta de comunicação virtual. Arrastão nas grandes avenidas. Blogs desatualizados. Velhinhas tentando chegar em casa, no 27º andar. Namorados sem msn. Separações mais dolorosas que aquelas provocadas pelo Muro de Berlim. Lembrei de quando a vovó dizia pra olhar o lado bom das coisas, por mais que tudo parecesse mergulhado na mais completa escuridão (sem trocadilhos, por favor). Então pensei com meus botões, quando de novo neste século (ou nesta vida) vou ter a oportunidade de conhecer o céu (o verdadeiro céu) de São Paulo com a cidade totalmente às escuras? Algum engraçadinho se anteciparia dizendo "no governo, Lula, oras!". Mas, possíveis gracinhas à parte, continuei no pensamento. Quem nesta micro-região geográfica conhece um céu sem interferência das luzes da cidade? O que poderia eu encontrar? Alpha Centauri? Ursae Majoris? Nu capricorni? (signo da minha musa!). Estrelas cadentes? Cometas em curso? As crateras da lua? Vênus descamisada? São Jorge dando banho de mangueira no dragão? Continuei pensando e cheguei a uma conclusão: Pra que tanta especulação, se com apenas alguns passos eu poderia descobrir isso tudo da sacada do 6º andar? Como um verdadeiro Dom Quixote urbano, empunhei minha lanterna (pra não tropeçar na Juma) e rumei para a sacada. Decepção foi pouco, tudo nublado.

    ps.: Deu no meu rádio à pilha: Zona Leste começa a se acender (1h17).

    posted by Dedê Ranieri @ 1:23 AM |


    quarta-feira, novembro 18, 2009

    Sobre Anaïs Nin

    Acabei de ler Anaïs Nin, Uma espiã na casa do amor. Me lembrou aqueles livros da série Júlia, Sabrina, Bianca, que vendia em bancas de jornal. Minhas irmãs liam meio que às escondidas. Eu lia, um ou outro, totalmente às escondidas, quando acabavam os gibis. A personagem de Anaïs Nin se chamava Sabina. Pode ser que alguém se ofenda, mas achei uma porcaria! Os romances baratos da banca de jornal eram bem mais envolventes. Como já dizia o velho Bukowski, cada nova linha é um começo e não tem nada a ver com as linhas que a precederam. Alguns escritores tendem a escrever o que agradou seus leitores no passado. Daí estão fodidos. Não sei se esse é o caso de Anaïs Nin, já que nunca tinha lido um romance dela por inteiro. Mas o caso é que Uma espiã... foi um parto. Gostei mais de saber alguns detalhes da vida da escritora do que exatamente do livro. Alguma coisa sobre um romance com Henry Miller, que escreveu Trópico de Câncer e se consagrou. Eu nunca compraria um livro com esse título. Trópico de Câncer. Parece livro didático de geografia. Li em algum lugar que ela prefaciou o livro. E pensar que encontrei uma edição no sebo outro dia, e acabei fazendo uni-duni-tê com Lolita (Lolita saiu ganhando). Queria ler o prefácio. Eu gosto de saber desse tipo de romance. Vai ver peguei essa bronca toda porque na última frase do livro ela me fez recorrer ao dicionário. Pule o que vem a seguir, caso pretenda ler o romance. O livro termina com a seguinte frase: Existe um remédio na homeopatia, chamado pulsatila, para as pessoas que choram com a música. Pulsatila!... Não serei eu a explicar o que é pulsatila.



    Sobre Cortázar

    No dia em que adotei uni-duni-tê como método de escolha entre um livro e outro, uma certeza eu tinha. Ia levar Cortázar pra casa. O jogo da amarelinha. Cheguei até àquela banca-sebo seguindo pistas de um amigo. Lá tem uma edição d'O jogo da amarelinha, disse ele. Eu queria muito esse livro, sem saber exatamente o por quê. Assim como precisava muito ter comigo uma cópia de Blow-up - Depois daquele beijo (na época em que nem sabia que o Antonioni tinha se inspirado num conto do escritor argentino, Las babas del diablo). Quase sempre coloco o filme um pouco antes de dormir. Antes que algum maldoso comente, Blow-up não é um tipo Rivotril do mundo do cinema. Ele é uma obra de arte silenciosa e colorida. Se tivesse cinco minutos a mais de som, ficaria over. O negócio é que encontrei uma edição do Cortázar, de 68. Sessenta e oito, o famoso ano que não terminou. Época de ditadura no Brasil e Guerra do Vietnã. Assassinato de Robert Kennedy e Martin Luther King. Manifestos do movimento estudantil da Sorbonne à Maria Antônia. Um ano que vibrava revolução. No mundo. Eu encontrei uma edição do Jogo da amarelinha, de 68. Uma edição lançada no período revolucionário que só conheci através de outros livros. Um livro que tinha visto muito mais coisas do que eu, filho legítimo de Julio Cortázar. Como esse livro foi parar no sebo? Na contracapa uma assinatura legível em caneta (Bic?) azul: Fátima. Convenhamos, alguém que tem o capricho de assinar o próprio nome num livro, não tem a intenção de se desfazer dele. Será que foi problema de dinheiro? Imagino uma tia distante sussurrando em algum velório: "Pobre Fátima, acabou com tudo, vendeu até os livros da biblioteca do avô...". Teria sido uma mudança inesperada pra uma quitinete, por causa de um amor bandido? Pior. Fátima pode ter emprestado o livro pra alguém que esqueceu de devolver. Alguém que numa dessas limpezas que a gente faz pela vida, decidiu seu destino: Sebo tal da Marechal número tal. Alguém que nem se lembrava que era um livro emprestado de Fátima.



    Sobre paradigmas

    Hoje descobri que não gosto de tomar água de côco com canudinho. Muito melhor no copo. Eu que sempre tomei água de côco de canudinho. Foi aquele copo gigante do hard rock cafe, viciante. Sou capaz de tomar litros e litros de água de côco naquele copo. Hard Rock Cafe New York. A maior quebra de paradigma dos últimos tempos. Pelo visto não tenho quebrado muitos paradigmas nos últimos tempos.

    posted by Dedê Ranieri @ 2:20 AM |


    terça-feira, novembro 17, 2009

    "Um idiota que escreve bem sobre o nada". Foi assim que Maurício descreveu Bukowski quando li em voz alta as primeiras linhas do seu diário. Levei um choque. Foi mesmo uma coisa estranha ouvir alguém que eu gosto falar assim de outro alguém que eu gosto. Como se tivesse, sei lá, xingado alguém da minha família.

    Não que eu tenha algum tipo de preferência, relação ou carinho especial pelo Bukowski, mas sempre me diverti lendo seus textos malditos. E tem toda a tradição dos malditos, são os beatniks, porra! (acho que sou facilmente influenciada). Maurício não respeita nada. O Maurício está cagando para os mitos. E as avós ainda acham ele educado. Cínico, isso sim que ele é.

    A coisa toda começou no sábado mesmo. Fiquei esperando o Maurício me buscar no salão de cabelereiro. Coiffeur. É como preferem hoje em dia. Mas coiffeur remete a algo mais glamuroso, o que definitivamente não era o caso daquele salão, um calor dos diabos e o lugar não tinha ar-condicionado. Ou seja, não era coiffeur nem aqui nem na China.

    A questão é que eu estava pronta e não queria esperar o Maurício ali naquela antessala do inferno, de modo que aproveitei o tempo livre pra caminhar até um sebo no mesmo quarteirão. Tenho fixação por sebos, livrarias, blibliotecas. Aquela coisa toda me chama. Em outra vida devo ter sido um livro.

    Corri os olhos nas primeiras prateleiras, vi as Brumas de Avalon, faltava o primeiro volume. Cavalo de Tróia, todos os volumes. Metade da estante pra cima era Paulo Coelho. Os outros eram espírita. Zíbia Gasparetto disputando espaço com Paulo Coelho. O mundo anda tão místico.

    Fui para os fundos da loja e fiquei esperando um livro me chamar. Gosto daquela sensação de encontrar um livro que me chama. Eu entro
    e espero. Isso quase sempre acontece, se eu deixar acontece. Dessa vez aconteceu. Eram os malditos lado a lado. Jack Kerouac e Charles Bukowski. Fiquei arrepiada. Esses dias li em algum lugar um trecho do Kerouac e copiei pra minha amiga Isabel.

    (Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam.)

    Isabel é do tipo pino redondo em buraco quadrado. Ela é um pino genial e que me enche de energia com as nossas conversas. A coisa toda é que copiei esse trecho pra Isabel faz umas duas semanas e de repente Kerouac me chama da prateleira, com Os vagabundos iluminados e Viajante solitário. Na dúvida, peguei os dois.

    Olhei de volta, o Bukowski estava lá. Pude ouvir os xingamentos. Não gosto de me sentir pressionada. Mas ele estava ali bem na minha frente e eu havia levado o Jack. O velho safado não podia ficar lá sozinho. Sem bebida ou baseadinho por perto. Levei.

    Os livros eram novos, da L&PM Pocket, de modo que pedi desconto, pois me sinto uma péssima negociante quando entro num sebo e pago como se estivesse na livraria Cultura. Sou tão péssima com isso que mesmo conseguindo 5%, acabei deixando lá, porque os meninos pediram caixinha de Natal. Quando Maurício chegou eu mostrei os livros e ele não deu muita bola para os ícones da geração beat, mais interessado em olhar a sacola de doces. Parece o pai dele. Pior é que diz que só come doces quando está comigo. Cínico.

    Comemos um polenguinho. Também tinha salgados na sacola de doces. Ele sempre acaba mais depressa e fica de olho no meu. Mas nunca aceita quando ofereço. O Maurício parece a minha mãe, sempre quer me dar o melhor pedaço, sempre me dá o recheio. Depois dele, nunca mais comi borda de pizza. Só recheada. Definitivamente, ele me deixa mal acostumada e eu acho isso muito bom. Estou sempre pensando numa forma de recompensar o Maurício pelas bordas que ele come no meu lugar.

    Chegamos em São Roque uma da manhã. Outro dia no jantar, o Igor contou que a funcionária do Cartório de Registro de Imóveis escreveu São Rock! na escritura, o que foi motivo de risadas. Mas no fim eu achei bem mais bonito assim, São Rock. Maurício queria continuar na cerveja e eu inaugurar uma garrafa de prosecco, em São Rock! Pegamos as duas.

    Maurício sugeriu que bebêssemos na piscina e eu até estranhei porque ele odeia insetos e aquela era uma hora propícia. Pediu ainda que eu lesse alguma coisa pra ele. Ele sempre diz que tem preguiça dos livros. Peguei Os vagabundos iluminados, feliz de doer, mas ele preferiu O Capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio, do velho. Me explicou que preferia esse, pois se tratava de trechos do diário que Bukowski escreveu um pouco antes de morrer. O Maurício sempre me surpreende. Se ele não estava prestando atenção quando falei dos livros e se tem preguiça de ler, como podia saber de tudo isso? Cínico!

    Abriu uma heineken tamanho família e ficou tentando afastar os insetos enquanto eu começava a leitura. "Um idiota que escreve bem sobre o nada". Foi assim que Maurício definiu Bukowski quando li em voz alta as primeiras linhas do seu diário. O Maurício não respeita nada. O Maurício está cagando para os mitos. E as avós ainda acham ele educado.

    posted by Dedê Ranieri @ 3:22 PM |