Nome: Dedê Ranieri
Lugar: São Bernardo, São Paulo, Brazil

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  • quarta-feira, maio 16, 2007

    A menina andava desconfiava que tinha entendido aquela tal teoria da relatividade, mas nunca -nunquinha- atreveu-se a levantar a mão para responder à professora. Deus me livre saber uma resposta que ninguém sabe. De que adianta ganhar ponto na nota e perder a consideração dos amigos. Nunquinha. Mas é simples, muito simples, matutava. A tal relatividade, oras. Às vezes gostava de azul para vestir, mas só quando fazia dia de sol -daí todo mundo dizia como deve ser bom ter olho que combina com a roupa. Às vezes gostava de preto, quando queria parecer mais moça, e como toda moça queria parecer mais magra. Às vezes amarelo, mas só se estivesse queimada de sol, senão ganhava cara de doente. A menina também aplicava seus conceitos à música. Às vezes gostava de samba, quase sempre gostava de samba, mesmo dizendo na escola eu odeio samba. Às vezes gostava de rock, mas nem sempre gostava de rock, mesmo dizendo na escola eu amo muito rock. Acontecia com freqüência de a menina gostar um pouco de tudo, mas esse era um segredo que não registrava nem no Diário. Porque um dia ouviu a professora dizendo ou leu numa revista, que quem gosta de tudo não gosta de nada. Não tem opinião. E ela, apesar de menina, tinha muita opinião, mesmo que não saísse espalhando por aí. Só que era opinião sobre muitas coisas, coisas que às vezes gostava sim, às vezes gostava não. Ela sabia que podia gostar e não gostar da mesma coisa. Só não queria explicar isso aos outros, porque até para ela parecia idéia de gente maluca. Então a menina, sem perceber, ganhou mania de imaginar a tal da relatividade em tudo. Se a conversa na calçada estava boa, a mãe mandava entrar -o tempo passava tão depressa. Se com a boca aberta na cadeira do dentista, o mesmo tempo multiplicava em dez -às vezes cem, se era canal. À medida em que crescia, a menina ia deixando de lado as comparações. Até que chegou na faculdade, já não tinha medo de emitir opinião. Então que a menina descobriu incubada a velha mania, num dia em que participava de calorosa discussão - a classe defendia a aplicação de penalidade máxima para o que parecia prática de um crime com agravante de emboscada. Opinião unânime, sessenta e um do Código Penal na cabeça. Ah, a velha mania. Subiu no púlpito a menina, candidata sem concorrência, à advocacia de defesa, e defendeu em alto som sua solitária opinião. Que nem toda emboscada deveria ser considerada agravante. E nem todo ataque por trás era ato de covardia. E não disse mais nada. Já não era mais menina, por isso nem se importou com a vaia geral. Mas alguém no fundo da sala entendia o referencial para fundamento de tão brilhante defesa. Ele, que rabiscava num bilhete o quanto admirava sua maneira original de mandar recados.

    posted by Dedê Ranieri @ 2:16 PM |


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