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Nora acompanhava os passos apressados de Tia Dora, que entrou no quarto e trancou a porta. Revirou uma caixinha em cima do criado-mudo e tirou uma chave bem pequena. Nora observava atenta a movimentação pelo closet, e ficou curiosa ao ver a tia com uma caixa maior, idêntica à outra, sentar-se ao seu lado na cama. - Querida, não quero decepcioná-la tão cedo, mas preciso dizer uma coisa. Garanto que vai se sentir melhor – disse em tom complacente. Nora não entendeu, mas balançou a cabeça para que prosseguisse. - Vou dizer a você que todos os homens traem – Tia Dora estava sorridente, um sorriso triunfante de quem domina o assunto que virá a seguir. A sobrinha não disse nada. É como se a tia soubesse de tudo o que descobrira e guardara durante dias. Sentia o rosto queimar de vergonha por não ter contado antes. A tia continuou a idéia: - A única diferença entre eles é a forma de pedir perdão – Enquanto falava, Tia Dora abriu a caixa e lá dentro reluzia um pingente em forma de coração, pendurado num cordão de ouro branco. Era uma jóia de diamantes, que a etiqueta Tiffany & Co denunciava nunca ter saído dali. - Não perca tempo procurando um homem fiel, mas preste atenção naquele que melhor saiba lhe pedir perdão – Tia Dora exibia o que parecia ser um dos segredos da sobrevivência de um casamento de tantos anos, enquanto Nora pensava que tinha muito a aprender com os mais velhos. (...) |