Fábrica de Textos, 02 de fevereiro Remédio, canudo e praia Aninha olhava a mala em cima da cama. Parecia estar tudo ali, o indispensável para sobrevivência na praia: biquini, sundow gold 4, e o Retrato do Artista Quando Jovem. Mas Aninha não conseguia fechar a mala. Quase onze horas, ela esperava a buzina, e mesmo assim estava ali paralisada. Sem saber o que faltava, blefou. Jogou na mala um remédio sem caixa, e o canudo azul do diploma. Não teve tempo de pensar para o que seria útil, mas sentiu-se de certa forma aliviada. Na penteadeira colou um bilhete para si mesma, lembrando que na volta visitaria o médico para avaliar o possível transtorno-obsessivo-compulsivo, como a mãe vinha insistindo há tempos. |