|
quarta-feira, janeiro 30, 2008
Na pista com Vanessa da Mata, Ben Harper e John Mayer
A programação indicava o aniversário de um amigo na Vila, mas o carro seguiu pra um Hotel. O luminoso indicava um Hotel à moda de Hitchcock, mas era uma balada no Itaim. A noite prometia um som qualquer coisa que não o festival de hip-hop, black music e funk que rolou por lá. A amiga da amiga de alguém prometia que mulher era vip, e homem oitenta. O namorado da amiga da amiga confundiu você com um cantor pop-rock americano na pista, e estendeu o amistoso copo de whisky. Vai aí, John Mayer?! Eu confundi você com um amigo de um amigo japonês, pra quem tinha dado uma inocente carona. Mas daí entre uma dose e outra. Mas daí entre uma Vanessa da Mata e um Ben Harper cantando "... there is a disconnection / see through this point of view / there are so many special people in the world sooooooooo many special people in the world ...". Daí no meio de tanta gente boring, tantos desencontros e fumaça de cigarro. Daí você me olhando. Daí eu a little shy. Just a little bit shy. Daí o gloss que eu passei atrás da sua orelha no caminho de volta. Daí o beijo que a gente não deu (não naquele dia). Daí que só depois eu entendi o recadinho da Vanessa da Mata e Ben Harper (Good Luck!) na pista: "há um desencontro / veja por esse ponto / há tantas pessoas especiais". Daí a música que acabou sendo nossa. Daí a little bit in love ...
posted by Dedê Ranieri @ 12:39 AM
|
quarta-feira, janeiro 23, 2008
((Tu me acostumbraste a todas esas cosas y tu me enseñaste que son maravillosas sutil llegaste a mi como una tentación ...))
posted by Dedê Ranieri @ 6:02 PM
|
terça-feira, janeiro 15, 2008
O dia em que quase morri ao som de Santana Domingo de chuva, nas curvas da Raposo. Maurice me traz de volta da montanha pro almoço em família. (Maurice me leva cada vez mais pra perto do céu. Leva, mas sempre traz de volta quando a segunda vem chegando, como quem diz: 'não se pode viver sempre nas nuvens, lindona!'). Tenho vontade de abraçar forte o menino lindo que me faz tão feliz num dia de domingo chuvoso e nublado. Falar que o tempero de orégano e azeite no nozinho de queijo caseiro é o mais saboroso que já experimentei na vida, falar dessas coisas da cozinha de Maurice. Das suas pitadas exatas de sacadas brilhantes e tal. Mas ele dirige concentrado na pista molhada. Me contento em apertar sua perna com força. Maurice sorri um sorriso somewhere over the rainbow, até esqueço que é um domingo cinzento. No cd player, Santana. Coloco as minhas prediletas pra Maurice escutar (fase de descobrir o paladar acústico, that's my turn). Put Your Lights On, El Farol, The Calling. Tocava The Calling quando Maurice derrapou na curva e o carro começou a rodar. Sensação estranha essa de perder o controle e esperar uma pancada forte vinda de qualquer lado. Poderia jurar que rodamos umas cinco vezes na pista, até parar no barranco. Maurice diz que não giramos, apenas fomos projetados com o carro desgovernado até o barranco. Os carros parados no acostamento pra prestar socorro. O silêncio ensurdecedor. Nem ouvia mais o som do Santana. Só queria ouvir a voz de Maurice, que pra minha alegria berrou um palavrão. Nenhum arranhão, sangue, nada. Só um pneu dianteiro estourado e o carro estacionado no barranco, pronto pra pegar de volta a estrada.
...
Maurice, você me faz correr demais os riscos dessa highway. Deixa que da próxima eu dirijo, e te levo por curvas bem menos perigosas.
posted by Dedê Ranieri @ 1:45 AM
|
sexta-feira, janeiro 11, 2008
Antes de dormir
Gabizinha vem aqui e traz uma vela. Gabizinha nem pergunta. Aparece com uma em cada mão. Gabizinha, você vai ouvir agora a melhor banda do mundo. Gabizinha sabe que a melhor banda do mundo é high school musical, mas não me contraria porque sou mais velha. Bibi, apaga a luz! Vamos acender as velas na sacada. Gabizinha resiste, tem medo que vou pregar um susto. Colocar a noiva de Chucky no dvd player, algo assim. Prometo que não te assusto. É outra coisa. Pra você conhecer a melhor banda do mundo em grande estilo. Tendeu? (Tranca a porta, senão a vovó briga que estamos mexendo com fósforos. Ela ainda briga. Bibi tem nove, eu tenho trinta. Não podemos brincar com fósforos ainda). Estendo uma canga. Jogo dois travesseiros. Play no Pink Floyd. Gabizinha já estirada na canga com os pezinhos apoiados na mureta. Corro e deito rápido no travesseiro que sobrou. Não quero perder nenhum acorde. Bibi, a melhor banda é essa. Agora fecha os olhos e só escuta (Dark Side of the Moon). Os olhos de Bibi brilham no escuro. Mais pela aventura dos fósforos, velas, canga e travesseiros no chão da sacada do quarto, que pela banda nova. Pezinho batendo na mureta. Instrumental. Instrumental. Instrumental. Quase três minutos. (Como é bom ser tia. Bibi nunca vai esquecer esse momento. Penso de olhos fechados). Três minutos e meio. Bibi me cutuca. Gabiii, tá de olho aberto? Era pra fechar e curtir o som. Mas Dê - já sentada na canga -, esse Pink Gloidi não vai cantar nunca? ... Agora Gabizinha tem a mais absoluta certeza, a melhor banda do mundo É high school musical. Não fala nada a respeito, mas sabe que leio seus pensamentos. Pra despistar e matar o tempo, pede pra brincar com os fósforos.
posted by Dedê Ranieri @ 12:48 AM
|
|