terça-feira, janeiro 15, 2008
O dia em que quase morri ao som de Santana Domingo de chuva, nas curvas da Raposo. Maurice me traz de volta da montanha pro almoço em família. (Maurice me leva cada vez mais pra perto do céu. Leva, mas sempre traz de volta quando a segunda vem chegando, como quem diz: 'não se pode viver sempre nas nuvens, lindona!'). Tenho vontade de abraçar forte o menino lindo que me faz tão feliz num dia de domingo chuvoso e nublado. Falar que o tempero de orégano e azeite no nozinho de queijo caseiro é o mais saboroso que já experimentei na vida, falar dessas coisas da cozinha de Maurice. Das suas pitadas exatas de sacadas brilhantes e tal. Mas ele dirige concentrado na pista molhada. Me contento em apertar sua perna com força. Maurice sorri um sorriso somewhere over the rainbow, até esqueço que é um domingo cinzento. No cd player, Santana. Coloco as minhas prediletas pra Maurice escutar (fase de descobrir o paladar acústico, that's my turn). Put Your Lights On, El Farol, The Calling. Tocava The Calling quando Maurice derrapou na curva e o carro começou a rodar. Sensação estranha essa de perder o controle e esperar uma pancada forte vinda de qualquer lado. Poderia jurar que rodamos umas cinco vezes na pista, até parar no barranco. Maurice diz que não giramos, apenas fomos projetados com o carro desgovernado até o barranco. Os carros parados no acostamento pra prestar socorro. O silêncio ensurdecedor. Nem ouvia mais o som do Santana. Só queria ouvir a voz de Maurice, que pra minha alegria berrou um palavrão. Nenhum arranhão, sangue, nada. Só um pneu dianteiro estourado e o carro estacionado no barranco, pronto pra pegar de volta a estrada.
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Maurice, você me faz correr demais os riscos dessa highway. Deixa que da próxima eu dirijo, e te levo por curvas bem menos perigosas.
posted by Dedê Ranieri @ 1:45 AM
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