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quinta-feira, outubro 16, 2008
Em tudo a outra copiava.
Num dia era o corte de cabelo que pedia igual. No outro a roupa, os sapatos. Até lentes de contato com cor juntou dinheiro para comprar, queria mesmo era ficar a cara da outra, e isso incluía os olhos. Sonhava com o dia em que alguém comentaria: são irmãs? siamesas?univitelinas decerto! A outra fingia não perceber, para não constranger aquela que queria ser a outra. No começo achou até graça. Uma fã. Era isso. Tinha uma fã. E quanto mais copiada, mais vaidosa ficava. Um dia as duas estavam na lanchonete quando a outra pediu um suco, que veio com um mosquitinho boiando. Diante do comentário "tem um mosquito boiando no meu suco", a que queria ser a outra espichou a cabeça e o dedo para o garçom, e com naturalidade registrou seu pedido: "pra mim igual, e não esqueça da mosquinha ...". A outra saiu de fininho e nunca mais atendeu telefonema, email, postal, pombo-correio. Quer dizer, das poucas tentativas que a que pensava ser a outra fez. Afinal, dizem por aí à boca pequena, que a que pensava ser a outra, agora tem certeza de que é, por isso não sentiu falta nenhuma. Da outra.
posted by Dedê Ranieri @ 12:08 AM
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