sexta-feira, agosto 29, 2008
Um analfabeto muito esperto Ana Luísa tem sete anos. Gian Lucca, quatro. Ana já sabe ler. Gian ainda é analfabeto. A menina, que está irritada com o irmão mais novo, não vacila, saca um papel, uma caneta, e maliciosamente rabisca um bilhete para ele: Você é um chato (com exclamação e tudo!). E assina, Ana Luísa. O menino recebe o primeiro bilhete de sua vida com ar desconfiado, pede à avó que o leia. A avó comunica à dupla de irmãos que vai ler o conteúdo na íntegra, duela a quien duela, e assim o faz. Gian Lucca fica visivelmente transtornado, não se sabe se pelas poucas palavras da irmã, ou pela humilhação de não saber ler ou responder de igual. Mas o menino não se deixa abater. Após alguns segundos sentado no sofá, na mais autêntica posição O Pensador de Rodin, arranca um papel sulfite da impressora do avô, separa uns lápis de cores, e rabisca sem parar um desenho com muita força na mão, algo assim, digamos, abstrato. Acrescenta umas letras soltas e desajeitadas pela folha, não formam palavra alguma em qualquer dos idiomas no mundo catalogados. Pede à avó que escreva seu nome no rodapé, e com um sorriso plácido de satisfação entrega a resposta a uma intrigada Ana Luísa.
posted by Dedê Ranieri @ 12:38 AM
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