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domingo, janeiro 21, 2007
isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além, já disse o cachorro louco do leminski. e eu sou assim. e só sou assim porque dou ouvidos ao poeta, e quero chegar lá. portanto, não me culpem (e desculpem) quando desapareço, não atendo telefone, não dou parabéns, feliz natal, próspero ano. é culpa dele se eu me jogo. culpa dele e tantos outros cachorros loucos que eu leio de pequena. e eu me jogo, sempre! porque desde que me descobri personagem, não consegui parar. porque não consigo gostar mais ou menos das coisas. fazer mais ou menos as coisas. gostar mais ou menos das gentes. viver mais ou menos a vida. porque quando eu vou eu vou inteira. e às vezes demoro pra voltar. mas sempre volto, com meu bloco cheio de notas e uma bic sem carga. tudo isso porque anteontem eu fiz trinta e voltei com tudo, recarregada. dizem as más linguas que ando vampirizando criancinhas. no que eu respondo que criancinha é apenas um ingrediente do caldeirão. ô mania essa do povo querer simplificar tudo.
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e eu voltei, anteontem. voltei e corri pro espelho. expectativa grande demais pra esperar o check-up anual. queria tirar a prova sozinha. análise minuciosa. nenhuma ruga ou pé-de-galinha, nenhum fio de cabelo branco, nenhuma gordura localizada, além das já existentes. frente, verso, laterais. panorâmica. nada, nada tinha mudado. então me ocorreu uma idéia simples. eu não tinha acordado trinta anos mais velha. só um dia mais velha. então desisti dessa coisa de ficar procurando as marcas do tempo. agradeci por não ter feito mamoplastia redutora aos dezessete. e fui ler no jornal o que tinha acontecido com o mundo durante todo esse tempo que fiquei fora.
posted by Dedê Ranieri @ 10:50 PM
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